A Prece da Chica

Aut. L e M: Osvaldo Toledo/Francisco Toledo
Interpretação: Os Filhos de Aparecida (Graúna e Graunito)
Gravação Original - Edições Paulinas Discos - São Paulo


   
Quando a tarde vem caindo, vejo a Chica ir sorrindo à Capela pra rezar
Com sua veste de chita, nos cabelos uma fita, pé no chão a caminhar
No altar chega apressada e com sua voz cansada faz uma prece ao Senhor
Não usa linda expressão, mas fala de coração estas palavras de amor

MAIS UM DIA JÁ PASSOU, SENHOR
MAIS UMA VEZ ESTOU AQUI
VENHO FALAR DA MINHA VIDA
DA ALEGRIA QUE SENTI
NO MEU CAMINHO EU ENCONTREI, SENHOR
AQUELA PAZ QUE PROCUREI
VENHO DIZER QUE ESTOU FELIZ
POIS TUA LUZ EU ENCONTREI

O Violeiro e a Natureza

Aut. Letra e Musica: Osvaldo Toledo



Viola tocou, violeiro pediu: solo bem fecundo para florir

Pediu água boa para beber e verdes florestas pra colorir

Nos olhos dos bichos fez poesia, pôs sol e lua na melodia

Sonhou com o mundo em harmonia, mas ninguém ouviu sua profecia

Machado bateu no tronco da árvore, a mãe natureza chorou de dor

Mata ciliar por terra caiu, veio o fogo ardente e tudo queimou

Tratores gigantes cortaram a terra e a erosão se consolidou

Árvore caiu e o sol secou, o fogo queimou, fumaça subiu

Todo o universo ela poluiu, na conseqüência ninguém pensou

Nascentes secaram, rios morreram, já se extinguiram muitos viventes

Homem pensou que era evolução, mas se enganou, foi destruição

Indústria chegou, cidade cresceu...Muitas chaminés chamaram a atenção

Empregos, fortunas, aconteceram...Muita euforia e empolgação

O progresso é bom, dele precisamos. Mas na conseqüência nós não pensamos

Gases poluentes aos céus subiram, terra aqueceu, efeitos surgiram

Causando danos a todos nós. Faltou prudência na projeção

De muitos rejeitos rios encheram, envenenados, peixes morreram
Muitas doenças disseminaram...Excesso de lixo sem solução

Hoje a natureza pede socorro, vendo esse desastre o mundo alarmar

A quem desmatou pede pra plantar, quem envenenou pra purificar

É melhor pensar que todos erramos. E a solução a gente encontrar

De Deus foi perfeita a criação, deu poder ao homem pra preservar

O meio ambiente pede clemência, pede bom censo pra se salvar

Conscientização e respeito à vida, é tudo que o homem tem de buscar

Não adianta nada fazer riquezas e não sobrar gente pra aproveitar

A Voz do Passarinho
Aut. Osvaldo Toledo/Francisco Toledo e Cabo Moutinho



Hoje eu sou um passarinho e quero fazer meu ninho nas campinas do sertão
Quero viver escondido para nunca ser traído por laço nem alçapão
Sou pequeno e indefeso e se um dia for preso eu vou chorar na prisão

Eu só vivo na floresta e quando vou numa festa eu não mato meu irmão
Eu faço tudo direito e vou falar a respeito da minha preocupação
O homem não é perfeito e por isso estou sujeito à pena de reclusão

Eu já vi meu companheiro ser trocado por dinheiro numa praça de estação
Eu não conheço a polícia, mas dei a triste notícia ao meu povo em aflição
Eu não tenho advogado, mas vou mandar meu recado para o Chefe da Nação

Senhor, Chefe de Estado, eu estou muito atrasado com a minha petição
Peço criar mais escolas e destruir as gaiolas que andam de mão-em-mão
E soltar os passarinhos inocentes, pobrezinhos, herdeiros da ingratidão

O Pequeno Também Cresce

Aut. Osvaldo Toledo/Francisco Toledo e Marcílio Castioni



Joãozinho era criança, tinha apenas seis aninhos
Andava com roupas velhas, pois era um pobrezinho
José, por ser jovem rico, maltratou o coitadinho
Dando uma surra de relho, marcando o seu corpinho
Foi mesmo por judiação e pra zombar do pretinho

Um dia José casou, muito longe foi morar
E Joãozinho foi crescendo desejou logo estudar
E com a ajuda de amigos pode um sonho realizar
Formando-se para Médico, viu sua vida transformar
Enquanto longe, o José, jamais conseguiu lembrar

José em um certo dia chegou quase a morrer
Ficou ente a vida e a morte, sem nada poder fazer
Pediu que fossem a um Médico, pra seu caso resolver
Encontraram passeando, na Vila do Tietê
Um Doutor atencioso, que pode lhes atender

Veio com disposição e o doente curou
Numa troca de conversas, da sua infância falou
Relembrando o passado, José, muito chorou
Lembrou que era o Joãozinho que um dia ele surrou
Cheio de arrependimento o seu perdão implorou

Esse caso, meus amigos, serve de uma lição
Pois sempre necessitamos da ajuda de nosso irmão
Quem desfaz dos pequeninos deve lembra que o João
De uma criança pobre, tornou-se um cidadão
Todo ramo pra ser grande, nasce pequeno no chão  

Amor Imaturo

Aut. Letra e Música: Osvaldo Toledo/Francisco Toledo



A noite é tão fria, silêncio profundo, estou a lembrar de você, meu bem
São horas que passo sofrendo sozinho sem sono e  sem paz e você não vem
O amor que um dia juramos viver foi como o orvalho, tão pouco durou
Passou de repente, qual vento nas folhas, deixando meu peito traçado de dor


TALVEZ O CIÚME FOI O CAUSADOR
DO MEU SOFRIMENTO, DO MEU PADECER
AMOR IMATURO, AMOR SEM RAIZ
TENTEI SER FELIZ, MAS PERDI VOCÊ

Sucessos da Vida
Aut. Letra e Música: Osvaldo Toledo/Francisco Toledo



Já faz muito tempo, deixei minha terra, porém não encerra a minha saudade
Recordo a casa onde nasci e nela vivi até a mocidade
Com dezoito anos eu fui convidado, por gente dotada de capacidade
E assim tive sorte em minha jornada, subindo a escada da felicidade


Eu vivo cantando com meu companheiro, levando primeira a nossa saudação
Trabalhando sempre com desconhecidos, mas sendo aplaudidos com muita emoção
Com nossa violinha que foi um presente daqueles que a gente traz no coração
Foram nossos pais que nos presentearam, depois que ensinaram a educação


Vivemos felizes com gente estranha, a nossa campanha é de amizade
Os nossos versinhos são bem elegantes. O mais importante que tudo é verdade
Contemplam as belezas dos sonhos de outrora, que se encontram agora na realidade
Somos protegidos da graça divina, que sempre ilumina o sertão e a cidade

Viola Molhada

Aut. Letra e Musica: Osvaldo Toledo/Francisco Toledo



Viola, Molhada de suor, trabalhei com muito amor pra poder te possuir
Lutei e fui um bom roceiro e assim ganhei dinheiro, pude então te adquirir
Viola, tu sabes do cansaço que há sempre nos meus braços, mas nunca te deixei
Sou teu maior amigo. Estou sempre contigo. Podes crer no que eu falei

Viola, molhada de sereno, ainda sou pequeno pra falar do teu valor
Que bom, nas noites de luar, alguém a te escutar nas canções de eterno amor
Viola, não foi somente um dia que em minha companhia fizeste tanto bem
Em cada serenata, suas cordas de prata parecem cantar também

Viola, estás molhada agora quando minha alma chora de alegria e emoção
Ao ver o povo me  ouvindo,  contente  aplaudindo a mais bela canção
Viola, o pranto derramado é sonho realizado que mundo me mostrou
A vida é desse jeito, sustenta em nosso peito o dom que Deus plantou